As causas da vitória de Clécio

*Charles Chelala. Economista, Mestre em Desenvolvimento Regional

Estas eleições foram repletas de elementos interessantes, os quais eu gostaria de comentar, sem a pretensão de esgotar o assunto e nem me propondo a ser imparcial, uma vez que estive na coordenação da campanha vitoriosa de Clécio Luís.

Estou convencido que a vitória se construiu fundamentalmente porque se acertou na política,  ou seja, na linha de argumentação traçada e colocada ao eleitor, que pode ser resumida a três ideias-força: 1. capitalizar os avanços obtidos no primeiro mandato;  2. se apresentar como o mais apto a conduzir a prefeitura nestes difíceis momentos de crise e; 3. comparar os modelos de gestão da prefeitura e do governo do Estado.

Não foi uma decisão fácil, tínhamos pesquisas que apontavam elevada desaprovação da administração da prefeitura, mas acabamos por optar por aquela que se mostrou correta. Assim, os programas de TV e a linha geral da campanha tinham que primeiro demonstrar as realizações da gestão – e havia muito o que se resgatar – e segundo, conquistar os eleitores para a ideia de que o trabalho teria que continuar, alertando para o risco que seria caso o grupo que governa o estado assumisse a prefeitura.

Quanto às posições dos adversários no primeiro turno, Aline Gurgel veio com um belo programa de TV e tentou ocupar a chamada “terceira via”, chegando a esboçar um certo crescimento, mas esta não era a eleição para tal linha (como foi a de 2012, por exemplo). Promotor Moisés surfou na onda antipolítica e de moralização, mas tinha muito pouco tempo de TV e reduzida capilaridade. Genival foi o “Genival” e cresceu no voto de protesto. O PSB apresentou Ruy Smith, um excelente candidato, com profundo preparo técnico e experiência, mas errou no posicionamento ao tentar disputar o espaço de oposição ferrenha a Clécio, além de se mostrar isolado. Já o PT, creio que não deveria ter lançado candidatura própria neste pleito.

Passou para o segundo turno o candidato mais autêntico da oposição e que tinha o apoio da máquina do governo do Estado. Há que se destacar que o vice Adiomar Veronese fortaleceu a campanha do PMDB, dando-lhe um ar de competência e reduzindo a rejeição que Gilvam traz consigo por representar tudo de mais arcaico que há na política. Mas, a exemplo de 2010 com Jaime Nunes, parece que o povo vê com certa desconfiança a entrada de empresários no jogo eleitoral.

Foi curioso observar que, no segundo turno, a campanha de Gilvam  trouxe para o centro de sua linha a palavra “verdade” e focou a artilharia em tentar destruir a mensagem já consolidada dos avanços da prefeitura. Decisão arriscada que se mostrou infrutífera: nossas pesquisas demonstravam que o pior atributo de Gilvam era justamente a sua credibilidade (como colar a palavra “verdade” nele?), além de exigir um excesso de agressividade na campanha que, quase sempre, perde mais quem bate do que quem apanha.

Há ainda a questão dos apoios. Hoje apenas três políticos transferem votos no Amapá (medido por pesquisas): Senador Randolfe disparado, Senador Davi e Promotor Moisés. Já Sarney, Waldez, Capi, Camilo, Jorge, Aline, etc… todos os demais tiram mais votos do que adicionam. Por isso Gilvam ocultou Sarney, Waldez e outros debaixo do palanque durante toda a campanha.

Finalmente, ressalto a figura do Candidato Clécio, que tem uma sintonia impressionante com o eleitor, apresenta uma sinceridade incomum a políticos tradicionais e consegue reunir excelente preparo técnico com uma profunda sensibilidade política.

Enfim, foi uma vitória da política acertada, com os apoios corretos e com o candidato certo. Redobra a responsabilidade deste grupo político tanto em relação à gestão da capital quanto ao futuro do Amapá.

  • Discordo em parte com o senhor Chelalla, quando diz que o senador Davi é bom de votos, ele não deve esquecer que ele só foi eleito com ajuda do PSB, e não fosse isso era o Gilvan que estaria no Senado, então ele tem mais é que ser eternamente grato pelo, e quanto ao Capi ele é bom sim de voto, o Ruy Smiti é que era ruim demais.

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