Antunes e suas famílias

Por Marco Chagas. Geólogo. Doutor em Desenvolvimento Socioambiental

29 de setembro é o dia do meu aniversário! Também é o dia em que nasceu Augusto Trajano de Azevedo Antunes ou Dr. Antunes para aqueles que tiveram a oportunidade de conhecê-lo.

Passei muito tempo pesquisando sobre a vida de Antunes na procura de algum deslize que pudesse afirmar que Antunes era mais um capitalista apoiado pelos militares na exploração das riquezas desse País. Entrevistei vários personagens que passaram pela ICOMI e a única coisa que encontrei foi “admiração”.

No final do anos 40 Antunes subiu o Amapari e após dias de navegação chegou a uma serra onde só havia “rolling stones”. Poucos homens se aventurariam a desbravar uma área inóspita, em plena floresta amazônica, por mais promissor que pudesse parecer aquele extensivo amontoado de pedras negras, que mais tarde se revelou numa das maiores reservas de manganês do mundo.

É verdade que Antunes lucrou com as 50 milhões de toneladas de manganês retiradas de Serra do Navio. Mas é também verdade que Antunes era intransigente quanto a proporcionar qualidade de vida para seus funcionários. A ICOMI praticava a melhor saúde e educação da Amazônia. Quais os impactos dessa política atualmente?

“As famílias da ICOMI” sabem responder muito bem a essa questão. As oportunidades geradas pela ICOMI sobre o comando de Antunes contribuiu para a formação de uma geração de amapaenses que hoje responde pelo nome de “liberdade”.

A liberdade é uma das conquistas sociais da educação. A ICOMI, além de incentivar que seus funcionários estudassem, mantinha um sistema de bolsas de estudo para os filhos de funcionários. Isso me parece próximo ao conceito que todos procuram desvendar quando investigam a sustentabilidade da mineração: a preocupação com as futuras gerações .

É uma pena que o Amapá não tenha nada da memória da ICOMI e de Antunes. Até um pequeno mostruário da mina de manganês que havia no antigo museu Ângelo Moreira da Costa Lima, atual IEPA/Fazendinha, foi perdido. Os registros documentais não estão em acervo público e os que existem são de particulares, como os acervos do Dr. Ortiz e Dr. Merce, este último no Rio de Janeiro.

Não se pode admitir que o Amapá não tenha história. Não se pode ignorar 50 anos da vida dos amapaenses e dos que para cá vieram. Mas parece que isso é uma realidade. Então, Antunes, receba essa humilde homenagem desse admirador que tem a honra de compartilhar o 29 de setembro como data de nascimento*.

* Extensivo ao “vida boa” Zé Miguel!

Marco Antonio Chagas. Professor do Curso de Ciências Ambientais da UNIFAP. Doutor em Desenvolvimento Socioambiental pelo NAEA/UFPA.                     

Serra do Navio: Uma cidade moderna plantada na selva amazônica, no Amapá, nos anos 50

 

  • É, meu doutor, o senhor tem toda razão. Mas povo que não se preocupa com seu passado,chafurda no presente e, preste atenção, não tem futuro.

  • As “otoridade” de hoje bem que poderiam copiar o que Antunes fez e dar um bamho de competência e responsabolidade em seus administrados, proporcionando saúde, educação, moradia, lazer e segurança de excelente quilate. Mas… quem vai se incomodar com isso? Basta criar novas bolsas e contratos administrativos e…”tamo feito”!

  • Prof. Marco Antonio eu tenho um grande acervo de fotos do periodo da ICOMI. Não sei se são as mesmas que você tem so sei que são muitas acho que passa de mil.

  • Uma homenagem muito justa a um empresário que sem dúvida criou um modêlo inigualavel de gestão empresarial.
    Pena que os herdeiros nunca tiveram a mesma visão do Dr. Antunes.

  • Marco ,

    Nunca é tarde para se reabilitar, para se fazer justiça.
    Tentei e continuo tentando preservar essa história . Mostrei às autoridades o quanto seria importante para o Amapá a presercação desse acervo, fui incompetente , nada consegui. Ainda dá tempo .

  • Prof. Marco,sou envaidecida por ter nascido Serra do Navio (13/09/49)como 1º bb a nascer naquele hospital. Meu pai foi chapa 12 na ICOMI, 1 mpresa valorizando cada funcionário,através das condições de conforto, segurança e a melhor educação (professores selecionados no sul)para os filhos. NÓS éramos uma GRANDE FAMILIA! Minha história é contada a partir dos valores moral, social,intelectual que essa cidade me deu e a todos que viveram naqla época. Dr Antunes era presente em cada lar, cada festa… Como eu gostaria que meus filhos tivessem esta honra de terem sido educados como eu e todos que lá viveram. Tenho certeza que as pessoas que passaram por lá, são TODAS muito especiais! Saudades!Muuuuuuuuuuuitas!…

    • Giulia,
      Encontro dos Serranos 2011, nos dias 10 e 11 de dezembro lá em Serra do Navio e vc não pode faltar a este reencontro desta GRANDE FAMÍLIA….Abraços….Baia

  • Só agora vi essa página, que me confortou muito. Afinal, é feito reconhecimento ao produto social dos grandes investimentos feitos pela ICOMI no Amapá.
    Conto-lhes um evento.
    Antes, alguns preliminares. Sou geólogo e trabalhei direto em Serra do Navio de 1961 a 1972. Desde aquele ano e até 2008 voltei várias vezes ao Amapá, em projetos de pesquisa que levaram às minas de ouro e de ferro da Serra da Canga.
    Mas o que quero contar ocorreu em 1967. Naquela ocasião soubemos que as companhias Meridional (United State Steel) e Codim (Union Carbide) estavam pesquisando manganês na região a sul de Marabá, Pará, e que estavam encontrando tanto manganês como indícios de ferro.
    Como chefe do Departamento de Geologia da ICOMI, enviei uma nota informando isso e perguntando sobre a conveniência de irmos nós também a pesquisar naquela área.
    A resposta que recebi foi escrita pelo Dr. Antunes, de próprio punho, na própria folha de papel em que eu escrevera a pergunta. A folha de papel fora até o Rio e de lá voltara com sua decisão e orientação: “Não. Nosso negócio é o Amapá.” Ele nunca considerava sair do Amapá.
    Menos de um ano depois, o geólogo Breno Augusto dos Santos, que havia trabalhado em Serra do Navio por vários anos, trabalhando pela Meridional aterrissou com helicóptero no alto da Serra dos Carajás, fazendo a primeira observação da presença das grandes reservas de minério de ferro da área.
    Nós não nos chateamos com isso e o Dr. Antunes nunca mostrou arrependimento por sua decisão. Afinal, como ele dizia: “Nosso negócio é o Amapá”. Ele gostava do Amapá.
    Wilson Scarpelli
    geólogo

  • Minhas maiores considerações ao Dr. Antunes empreendedor nato, que contra toda uma corrente de problemas e negativismo, conseguiu suplantar todas as dificuldades e empreender o crescimento da mineração no país e gerar oportunidades aqueles que o acompanharam para várias gerações.
    Pena que esta visão empreendedora e humanista não tenha perspegado aos seus descendentes.

  • Nasci no ano de 62 no município de serra do navio, que na época era projeto ICOMI, lembro como se fosse hoje, nas datas comemorativas, lá estava o doutor Antunes , homem de um carisma nato, principalmente com os alunos, tenho na minha cabeça até hoje, as canções em deferência aos mineiros e o hino da escola de serra do navio, e o maior legado que a ICOMI nos deixou, foi essa irmandade, amizades, por isso no ano de 2011, meu conterrâneo Carlos José balieiro, teve a ideia de reunir o maior grupo de amigos serranos, para promover todo segundo domingo de dezembro, o Encontro dos serranos, festa bonita ,onde amigos de várias partes do Brasil , vêem para esse encontro, seria interessante o doutor participar dessa grande manifestacao de encontro

  • Sinto-me um privilegiado por ter trabalhado no grupo Caemi e por ter começado a minha vida profissional como estagiário no Amapá.
    Conheci o Dr. Antunes, uma pessoa que irradiava bons fluidos. Tenho uma admiração imensa por ele.
    Muito do que sou, devo aos grandes ensinamentos que na sua origem tiveram o Dr. Antunes.

  • Wanderley Marques
    Trabalhei em Serra do Navio de 1970 a 1975, sou testemunha desse trabalho maravilhoso do Dr. Augusto Antunes, como eu era funcionário, técnico de manutenção mecânica, não tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, mas tenho por ele muita administração
    Acho que o Amapa deveria criar o museu do manganês, preservar sua história e homenagear esse grande homem

  • Hoje sou aposentado.Trabalhei de 1973 até 1995 na MBR -ILHA GUAÍBA. Sinto saudade daquela empresa. Melhor lugar que trabalhei.

  • Sou Arlete Silva Mendes Khoury, mineira, de Pará de Minas. Fui para Serra do Navio em1976 e lá trabalhei como prof. especial até 1992.
    Lá, conheci o amor da minha vida,um paraense de Belém do Pará, José Luiz da Fonseca Khoury, técnico em Máquinas e Motores.Lá nasceram meus 4 filhos. Como bem lembrou a Dalzira em seu comentário , o Dr Antunes sempre visitava nossa Vila de Serra do Navio e sua presença em nossa escola era motivo de hasteamento festivo da bandeira, hino Nacional e o hino do Manganês, que faziam parte de nossa rotina escolar,mas, quando Dr Antunes nos visitava era muito especial para todos nós, alunos,professores e TDS que lá viviam e tinham por ele a maior admiração e gratidão.Tenho certeza que toda essa geração de funcionários e seus familiares, têm o Dr Antunes no DNA de suas famílias, no caráter, patriotismo e amor à FAMÍLIA.
    Sou muito grata ao GRUPO CAEMI , eternamente

  • Eu, Rômulo César Soragi trabalhei na ICOMI de 1980 a 1996, nas áreas de engenharia, mineração e beneficiamento.
    A primeira pessoa que conheci pessoalmente, do grupo CAEMI, foi exatamente o Dr. Antunes. Qdo fui ao Rio, na sede do grupo que ainda era próxima à Cinelândia, para uma entrevista de emprego na Serra do Navio, subiu comigo de elevador um senhor que vim a saber depois ser o próprio. Dr. Antunes.
    Me lembro que ele me perguntou pra onde eu iria e respondi que estava batalhando uma vaga na ICOMI/SNV. Ele então comentou: “você vai gostar muito de lá”.
    Dito e feito: lá, nesses 16 anos conheci minha atual esposa, Silvana, lá tivemos nossos três filhos que curtiram suas infâncias na paz, na segurança, na qualidade de vida, no lazer, etc, etc, etc.
    Assim, em 1996 retornamos para Minas Gerais, trazendo na memória saudáveis lembranças da floresta, dos rios e igarapés, das vilas e toda a infra estrutura, das minas, das usinas, da estrada de ferro, das amizades e do amapaense.
    Somos gratos a tudo e a todos os icominianos.

  • Fui colega de turma do Augusto Cesar A. Antunes , filho do Dr Antunes na FGV turma de 1962. Ele alem de otimo aluno era colega respeitado e admirado por todos . Foi preparado p suceder seu pai,mas faleceu tragicamente alguns anos apos nossa formatura. Uma lastima saber que o emprendimento tenha encerado suas atividades.

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