Água: Além do Debate Político

Do Blog do Eldo Santos http://blogdoeldo.blogspot.com/

Por Eldo Silva dos Santos – Engenheiro Químico formado pela UNICAMP, Especialista em Gestão Empresarial pela FGV e Mestrando em Biodiversidade Tropical pela UNIFAP

O debate de candidatos ao governo do Amapá promovido pelas faculdades CEAP e SEAMA na 3ªfeira, 21/09, ainda reverbera nas rádios e no twitter, principalmente por conta de um tema: Abastecimento de Água.

O tema foi levantado pelo candidato Jorge Amanajás quando questionou o candidato Lucas Barreto sobre a solução “técnica” para resolver os problemas de abastecimento de água em Macapá. Na sua resposta, Lucas propôs a construção de uma estação de tratamento de água para a Zona Norte da capital com captação a partir dos Rios Pedreira ou Matapi e justificou sua proposta baseado numa melhor qualidade da água destes rios em relação ao Rio Amazonas e no desnível entre esta área da cidade e o Amazonas, que chega, segundo ele, a 35 m enquanto os rios citados estariam no mesmo nível ou até mesmo acima do nível da Zona Norte.

Discutiu-se amplamente desde então sobre a viabilidade da proposta de Lucas. Chegaram a chamar de non sense e mirabolâncias as proposições do candidato. Não concordo. Em um debate eleitoral, novas propostas são sempre bem-vindas e merecem que sejam discutidas para se ter a melhor solução para a população. Entendo que faz parte do jogo político discordar de tudo que os adversários políticos de momento apresentam afinal ninguém quer dar motivos para o outro se sobressair. Mas a discussão não pode ficar só no meio político.

Tecnicamente falando, têm-se algumas possibilidades para resolver o problema de falta de água em Macapá.

  1. Manter a atual estrutura, com a Estação de Tratamento de Água (ETA) do Beirol e 4 Sistemas Isolados (SI) – Perpétuo Socorro, Cuba de Asfalto, Cabralzinho e Congós é possível, mas serão necessários grandes investimentos em toda a cadeia produtiva da água tratada, ou seja, captação, modernização da ETA e dos SI, que estão praticamente sucateados, e na rede de distribuição que é antiga e com muitos vazamentos e incrustrações.
  2. Construir de nova ETA na Zona Norte com captação a partir do Rio Amazonas para abastecer os bairros daquela região enquanto a atual ETA e SI serviriam para abastecer os bairros do centro e da Zona Sul.
  3. Semelhante ao proposto na opção anterior mas com captação da nova ETA nos rios Pedreira ou Matapi, como proposto pelo candidato Lucas Barreto no debate.

Há outras possibilidades, mas ficarei na análise dessas 3.

Qual das opções é a mais viável? Não se pode afirmar sem dados técnicos conclusivos. Se há realmente o desnível significativo entre o Rio Amazonas e a Zona Norte, o custo de energia para a distribuição da água seria elevado pois se precisaria de bombas mais potentes. A opção 1, de manter a estrutura atual, requer grandes investimentos para recuperação do que aí está. Precisaria avaliar se esses investimentos são maiores ou menores do que construir uma nova ETA mais moderna e até mesmo mais compacta na Zona Norte.

Se os Rios Pedreira ou Matapi têm, realmente, elevação mais próxima a da Zona Norte isso representaria uma redução no consumo de energia, mas, em contrapartida, a distância entre o ponto de captação e a ETA pode eliminar essa economia.

Quanto à qualidade da água do Rio Amazonas e dos Rios Pedreira ou Matapi, é notório que nosso Rio Amazonas sofre muito mais pressões do homem que os outros dois rios visto que praticamente todo o esgoto de Macapá e Santana é lançado nele e com pouco tratamento. Outros parâmetros são importantes, como o pH, a turbidez, a cor, sólidos suspensos, ferro. Se os Rios Pedreira e Matapi apresentarem, em estudos detalhados, maior qualidade que o Rio Amazonas, a viabilidade de tal proposta se daria pela economia ao longo do tempo com a redução dos custos de aquisição de matérias primas para o tratamento (sulfato de alumínio, cal, cloro).

No Brasil, há vários exemplos de ETAs que fazem a captação em locais distantes por questões de uma qualidade melhor da água. Pode-se duvidar da capacidade desses rios menores em abastecerem nossa capital, mas, por exemplo, em Campinas-SP, o abastecimento é feito a partir do Rio Atibaia que é menor que esses nossos 2 rios e note que Campinas tem mais de 1milhão de habitantes. Macapá tem, perto de 500 mil.

Enfim, não se pode descartar nenhuma proposta. A escolha da melhor delas deve se da por critérios técnicos e sem paixões políticas. O embate político tem que se manter em bom nível e não se pode desprezar a inteligência dos eleitores ou explorar o desconhecimento dos leigos. Outra coisa que não se pode admitir é a patrulha sobre a opinião contrária. Ao se fazer isso, perde-se a oportunidade de enriquecer nosso aprendizado e de melhorar a vida do nosso povo.

  • Parabens pela publicação de tão apropriado artigo. Precisamos discutir o que interessa. E parabens ao Lucas Barreto que mostra que está pensando em soluções técnicas a longo prazo. Vi ontem no twitter o Camilo Capiberibe fazendo graça com proposta, mostrando nao levar a sério o debate. Indeciso entre Camilo e Lucas, essa proposta me deixou praticamente definido. De parabens o autor o engenheiro autor da matéria

  • Tudo é muito bonito, tudo é muito poético, ja apareceu um monte de técnico com soluções de como abastecer Macapá que é banhada pela maior bacia de agua doce do mundo e não tem quinhentos mil habitantes, porém eu gostaria que alguém que acessa esse magnífico blog me dissesee: QUEM VAI AUDITAR O GASTO DO ORÇAMENTO DO ESTADO, com a palavra o MP Estadual(já que o TCE ……).

    • Falou tudo! Pra resolver o problema tem que deixar na mão dos técnicos e não dos políticos. Os políticos tem que escolher técnicos competentes, dá-lhes orçamento e deixá-los trabalhar.
      Politicagem em empresa pública é um cancêr, não só no AP mas no Brasil todo!

  • Debate é feito de idéias. E realmente o que vimos foi dois candidatos discutindo um problema crítico de Macapá. Porém com duas relevantes diferença. Jorge Amanajás cheio de soberba e egocentrismo com seu discurso “eu resolvo”, “eu sei”, “eu faço tudo sozinho”. E o Lucas Barreto no pensamento a longo prazo de investir aosnde a cidade pode crescer mais.

  • O Jorge poderia contratar as Organizações Tabajara pra fazer parte de seus governo. Pq com ele o slogan é: “Seus problemas se acabaram-se!!!” Ele diz que resolve tudo!!! Nunca vi!

  • Ótimo texto. Eu que moro no Infraero II sei o que é passar o dia inteiro sem água e PRECISO que o futuro governador lembre do povo da ZN pq não dá pra ficar contando as gotas na torneira pra tomar banho, lavar roupa, etc.
    Não vi o debate, mas pelo q tenho ouvido, essa proposta do Lucas foi a única coisa importante q se extraiu de lá. Parabéns.

    • Amigo moro no centro e a água por aqui tb é escassa,só à noite que se ve a cor desta nas torneirasAh! água tem cor?Tem…a daqui tem,barrenta.Aqui no AP o dim dim escorre pelo ralo(ralo dos politicos e outros,bem entendido),água não.
      As propostas são boas e viáveis,falta a vontade de FAZER.Voto 40.

    • Parabéns Eldo pelo texto e pela brilhante explicação técnica. É disso que a nossa geração precisa. Pessoas com grande capacidade técnica desprovidas de interesses pessoais e dispostas a colaborar com o desenvolvimento do estado do Amapá. Parabéns ao cadidato Lucas Barreto que compreendeu a necessidade de contar com o apoio da nova geração, capacitada e sem vicios politicos.

  • Parabéns a Eldo e apoio seu posicionamento. Cabe a nós, eleitores, exigir maior instrução e preparo de quem se dispõe a trabalhar como homem público.

  • VAZOU:
    Pesquisas para consumo interno dão conta de que Lucas está a menos de 6 pontos para vencer no 1º turno. Tem, portanto, 8 dias para conseguir a vitória. Militância, que se considera “enluquecida” acha que consegue mais que seis.
    Novos correligionários estão vindo aos aos montes.
    Também acho que dá…

  • A Zona Norte é o setor da cidade que mais cresceu nestes últimos anos, porém, as autoridades não acompanharam sua expansão. Em uma matéria televisiva, creio eu que no ano passado, afirmou-se que depois da Ponte Sérgio Arruda, estimava-se mais de 100 mil habitantes. Números sigificativos, acho que supera a população de Santana. Então é necessária a adoção de políticas públicas condizentes com os anseios da população. Esta proposta do candidato Lucas é pertinente, pois, até então, ninguém sequer ventilou tal ideia. O que se faz por aqui ainda é o asfaltamento (de péssima qualidade) de algumas poucas ruas dos bairros da Zona Norte. Porque então não se aproveitar uma proposta dessas, criar um projeto ambicioso incluindo também a construção de rede de esgoto, para aí sim, urbanizar a ZN como um todo. Ainda sofremos com a falta de água e muita poeira. Parabéns Eldo, pelo seu artigo.

  • Eu tenho dito,acredite vote lucas,vote 14!acredite na mudança e na competencia!atencao zona norte!LUCAS 14 SIGNIFICA AGUA PARA MACAPA!!!PARABENS LUUCAS!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *