A Insustentável Leveza do Ser

*Marco Chagas. Geólogo. Professor. Doutor em Gestão Ambiental

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Os ideais da “Primavera de Praga” permanecem inabalados. Seria possível uma forma de organização social onde as pessoas agissem de acordo com a própria consciência na busca da felicidade coletiva e não limitadas por regras impostas por representações políticas? “A Revolução dos Bichos” respondeu a esta hipótese. “Todos somos iguais, mais uns poucos são mais iguais que outros!”

A experiência do Butão é revolucionária ao adotar o Índice de Felicidade Interna Bruta (FIB) em substituição ao Produto Interno Bruto (PIB). O índice mede é a satisfação pessoal do cidadão, levando em consideração a boa governança, a educação, os valores morais, a vida comutaria, entre outros.

A iniciativa do Butão vem influenciando outros países. A Finlândia, por exemplo, um dos maiores PIB do planeta, lançou recentemente um manifesto denominado “A política da felicidade”, propondo que os governos coloquem a busca pela felicidade no centro de suas agendas, no lugar da economia.

O brilhante economista amapaense e professor da UNIFAP, Antonio Teles Júnior, realizou ousada pesquisa sobre a felicidade dos macapaenses. A pesquisa foi ignorada pelo poder público, como se a busca da felicidade não fizesse parte das aspirações da sociedade e das consequentes ações de governo.

O que diferencia as representações políticas é a capacidade de observar fatos (conhecimento científico e outros saberes) e tomar decisões. Não existe resposta sem observação. É assim na natureza. É assim na sociedade.

As notícias estampam: “águas do rio Amazonas invadem a orla de Macapá.” Não seria o contrário? Meu velho dizia: – estou indo trabalhar! Ia de canoa. Morávamos no torrão do bairro alto, próximo da praça do cemitério, hoje da catedral.

Não esqueço a frase de César, filho de Maria Nazaré Mineiro, dita no Laranjal do Jari nos idos dos anos 90, quando discutíamos as respostas para os problemas das enchentes locais: – vocês precisam aprender que esse é o lugar das águas e não podemos nos defrontar com ela e sim nos aliar a ela!

Há alguém que discorde do César? Há alguém que acredite que melhoramos nosso lugar pela observação dos fatos? Há alguém que diga que somos mais felizes hoje do que na época da canoa do meu velho, dos nossos velhos? Pode ser que isso não tenha nada há ver com felicidade. Talvez seja saudade, mas saudade também pode ter muitos significados, como canta Cesaria Evora:“Sodade… esse caminho longe”.

As representações politicas não observam fatos. Atuam de acordo com a inconsciência momentânea dos problemas que se acumulam e das respostas incompletas ou não dadas. Isso é tragédia anunciada em um tempo qualquer!

A Primavera de Praga poderá se revelar por aqui durante a copa dos estádios bilionários, mas é bom continuar dando ração aos porcos até que a felicidade seja um fato público possível.

  • Obrigado professor pelo carinho, gostaria de fazer uma justiça, o Sr. foi a 1a pessoa a abordar esse tema e a partir daquilo que aprendi com o Sr. resolvi fazer o levantamento de dados.
    O trabalho sobre o FIB em Macapá tinha por objetivo saber se diante das condições socioeconômicas que vivenciamos, existiria na população um bem estar subjetivo positivo, capaz até de explicar a zona de conforto diante da nossa realidade.
    Defendo que a medição da felicidade na sociedade amapaense seja algo institucionalizado cujo objetivo e medir a satisfação objetiva e subjetiva, além disso, ter-se-ia um indicador capaz de monitorar e avaliar de forma permanente os resultados das políticas públicas e privadas.
    Infelizmente, isso requer dinheiro e subvenção e enfrenta um sério problema de ordem institucional: “Os governos não querem ser avaliados”.
    Por fim, lhe parabenizo pelo bom texto e pela lucidez com que aborda os temas locais.

  • Parabéns pelo artigo. O Cesar tinha razão. As nossas ressacas invadidas e aterradas que o digam. Quanto ao FIB, nossos políticos não têm fígado nem coração para abrir mão do egoísmo e investir um pouco na felicidade da população. Mas, persistamos. abraços.

  • Alô…alô Marcos Chagas! Alô…alô Marcos Chagas! Ouça essa gravação que te ofereço com muito amor e carinho: “Eu amo a tua mãe, pois foi ela quem fez você para o Amapá”. Parodiando aquela música sinto-me leve quando vejo que a felicidade mora a nosso lado e só olhamos o além para buscá-la. Os gestores públicos precisam ter uma visão da humanização para administrar a coisa pública. Um povo só é feliz quando a maioria estampa sorriso fácil…agora deve haver motivo bom para isso. Abraços Lene e Marcos.

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